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Para retomada segura de aulas, especialistas recomendam estabilidade nos casos

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Escolas privadas marcaram retomada de aulas, que foi suspensa de forma presencial por decreto municipal

A retomada de atividades econômicas não foi acompanhada de modo imediato pela volta das aulas presenciais em escolas. A possibilidade de retorno, até em bandeira vermelha no modelo de Distanciamento Controlado, existe desde novembro. Contudo, quando os alunos de Santa Maria iriam retomar a presença física nas salas de aula, a situação mais crítica da pandemia no Estado interveio. O decreto municipal 21 de 2021 limita horários de bares, lancherias, restaurantes, distribuidoras e minimercados, mas foi a suspensão do retorno às aulas (também prevista no mesmo documento) que mais levanta comentários divergentes. Já os sindicatos que representam as instituições privadas de ensino, questionam o motivo de cancelar aulas presenciais agora. 

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Por mais polarizada que a discussão pareça, até mesmo em concordâncias existem divergências. O governo do Estado, por exemplo, autoriza e incentiva a presencialidade, mas o Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à Pandemia do Rio Grande do Sul recomendou, ainda em setembro, que isso só seja considerado quando "houver desaceleração significativa do número de casos novos, capacidade de testagem e garantia de estrutura para aplicação de protocolos de segurança". O entendimento é que a suspensão poderia acontecer inclusive depois da retomada, se o cenário da pandemia apresentasse piora, como é o caso atual. E a suspensão ocorreu, por determinação estadual, em todas as regiões de bandeira preta, justamente pela piora. As unidades intensivas gaúchas nunca estiveram tão ocupadas desde o começo da pandemia. Além disso, o perfil dos internados não é o mesmo, o que ainda é investigado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).

- Já identificamos que pessoas que não têm doenças tidas como grupo de risco estão internando mais. Dá para pensar que jovens podem ter mais vulnerabilidade, e isso acende um alerta - afirmou em live, na última sexta-feira, a diretora do Cevs, Cynthia Goulart Molina Bastos.

Nas vermelhas, o retorno é autorizada, mas os municípios que preferiram prevenir o agravamento, já que não há como remediar, o suspenderam. Além de Santa Maria, pelo menos outras 12 cidades da Região Central tomaram decisões parecidas quanto à volta presencial das aulas. O médico epidemiologista da prefeitura de Santa Maria Marcos Lobato é um exemplo de quem defende a retomada, mas preza pelo momento adequado.

- Eu não sou contra o início das aulas, mas o momento não é agora, infelizmente. O que está acontecendo é o aumento de aglomerações e viagens de férias, isso virou um fenômeno, como se as pessoas tivessem decretado o fim da pandemia. Se não tomarmos medidas de controle, o crescimento se torna exponencial. Esse aumento em fevereiro da ocupação de leitos vem das férias - diz.

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Um estudo do Comitê de Dados do Estado aponta que o sistema de saúde que atende a macrorregião Centro-Oeste esgotaria de cinco a sete dias dias a partir do último final de semana. O cálculo é feito com base na variação de internações em uma semana e no último dia analisado.

DIVERGÊNCIAS
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) defende aulas presenciais em um cenário que seja possível garantir o controle de testagem e o rodízio dos alunos. Em nota, a SBP diz reconhecer que o Brasil não tem testagem sistemática como ocorre em outros países, o que dificulta o rastreamento real da incidência do coronavírus em crianças.

Por outro lado, a entidade pediátrica considera pontos relacionados à formação e ao desenvolvimento emocional das crianças e adolescentes. Isso dialoga com a "piora de sintomas emocionais" apontadas nos estudos mensurados pelo Estado. Além de aumento no sedentarismo, ansiedade e irritabilidade, são apontados os riscos negativos na escolarização e na evasão escolar.

Em nota, o médico Antonio Carlos Bandeira, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) condiciona que as salas de aulas não serão locais de transmissão se os protocolos de segurança forem implementadas.

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Ao recomendar a retomada das aulas em um cenário de maior estabilidade de casos, o Estado considera estudos sobre retorno ao ensino presencial em outros países. Um deles, publicado na revista de medicina The Lancet em novembro, analisou os impactos da testagem e os riscos da presencialidade no Reino Unido. Considerando a complexidade, uma das conclusões foi de que a abertura (seja parcial, em modo híbrido, ou total), gera aumento de casos. O fechamento das escolas garantiu, conforme a análise, um atraso de 10% a 19% nos picos da pandemia, o que representa de um a seis dias.

O levantamento de pesquisas do governo estadual também sinaliza para os sintomas que podem acometer crianças. Embora a maioria seja comum a qualquer doença respiratória, é mencionada a "síndrome multissistêmica", que é de baixa mortalidade, mas leva a necessidade de internação em UTI, o que poderia sobrecarregar ainda mais o atual momento do sistema de saúde.

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OS PORQUÊS EM SANTA MARIA
O decreto da prefeitura afirma levar em conta a apuração prévia da 42ª semana do Distanciamento Controlado, que indicou 10 regiões do Estado com risco altíssimo de contágio do coronavírus. Santa Maria teve risco alto (bandeira vermelha). Ainda assim, o Executivo considerou a alta ocupação de leitos de UTI e unidades clínicas exclusivas para Covid-19 na cidade. Além disso, também são mencionadas as "posições técnicas emitidas pelo setor de Vigilância em Saúde e, da mesma forma, por profissionais de atuação no setor privado que concedem assessoria técnica para o embasamento das decisões do Executivo, e que, em consulta, indicam a necessidade de ações momentâneas, excepcionais e preventivas para a retomada de estabilização dos casos de contágio".

O Diário questionou como ocorreu a consulta aos profissionais e se o envolvimento do Conselho Estratégico de Gestão de Crise (CEGC) nas medidas determinadas pelo decreto. Entretanto, a prefeitura não detalhou como é feita a consulta ao CEGC e quem exatamente participa do grupo atualmente. O decreto que instaurou o conselho, em março de 2020, aponta quais órgãos o compõem, mas também não detalha como são as consultas.

Sobre a necessidade de restrições mais rígidas a bares, restaurantes, lancherias, distribuidoras e minimercados - além da suspensão das aulas - a prefeitura não respondeu.

O CEGC

  • Casa Civil
  • Secretaria de Município da Saúde
  • 4ª Coordenadoria Regional de Saúde
  • Ministério Público Federal
  • Ministério Público Estadual
  • 1ª Vara Cível Especializada da Fazenda Pública
  • Comando da 3ª Divisão do Exército
  • Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
  • Universidade Franciscana - UFN
  • Associação Franciscana de Assistência à Saúde (Sefas)
  • Hospital Universitário de Santa Maria
  • Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo
  • Hospital Casa de Saúde
  • Hospital de Guarnição de Santa Maria (HGU)
  • Hospital São Francisco de Assis
  • Hospital da Unimed Santa Maria
  • Hospital da Brigada Militar de Santa Maria
  • Grupo de Assessoramento Técnico - Dra. Jane Costa, Dr. Fábio Lopes Pedro, Dr. Thiego Cavalheiro, Dr. Alexandre Vargas e Dr. Claúdio Azevedo

Fonte: Decreto executivo nº 58 21 de março de 2020  

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